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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Rio Curimataú: histórias e lendas

Rio Curimataú: histórias e lendas


Conta a lenda, que quando do episódio da anta que fugiu, o caçador frustrado, enterrou o pedaço de pele do animal no leito do rio Curimataú que até então tinha suas águas "doces"(insipidas), e que após esse fato, elas tornaram-se salobras. Conta ainda que muito tempo depois, um frade italiano- Frei Damião de Bozzanno- em visita de missões à cidade, profetizou que as águas do rio Curimataú só voltariam a ser doces se conseguissem desenterrar a parte da pele da anta,com todos os seus pelos.
Lendas a parte, o Curimataú marcou de forma importante e inesquecivel a vida dos novacruzenses, prestando enorme contribuição à cidade em tempos de seca quando Nova Cruz não contava ainda com o sistema de abastecimento d'água encanada. Era em seu leito vazio, no verão, que cavavam-se pequenas cacimbas onde era coletada a água, que permanecia no subsolo,e vendida pela cidade em pequenos barris de madeira sobre o lombo de burricos para ser utilizada na limpeza doméstica. No inicio do inverno, após as primeira chuvas, o rio Curimataú dava seu espetáculo, atraindo a populaçãoàs suas margens para monitorar o nivel de suas águas. Usando da "tecnologia" de que dispunha na época: fincavam um pedaço de galho de árvore (graveto), rente ao nível da água de forma a perceber se com o passar de minutos o nível subia, atingindo o o graveto, ou descia,dele se afastando. Durante o dia ou a noite, a população da cidade se movimentava, observavando o rio, instalada na ponte Régis Bittencourt que lhe servia como camarote. E o Curimataú dava seu espetáculo! Ora barulhento através do ronco de seus rodamoinhos, dos troncos de árvores que passavam boiando sob a ponte, prova de sua fúria , ora interagindo com a juventude afoita que sob aclamação de uns e recriminação de outros, não resistia em demonstrar coragem, usando a varanda da ponte como trampolim para darem espetaculares "saltos mortais" sobre suas águas. Mas a fama histórica do Curimataú vem de suas enchentes:
1924 - O Curimataú transborda e atinge a parte baixa da cidade, antiga rua do Sapo. Como consequência dessa "visita", leva consigo o primeiro cemitério de Nova Cruz.Em homenagem a data, cria-se a rua 18 de Abril, local para onde migraram e cuja maioria fixou residência, os moradores da rua do Sapo que por sua vez viu o nome da rua mudado para rua Campo Santo.
1964 - Quarenta anos depois, o Curimataú volta furioso a inundar Nova Cruz. Dessa vez vem acompanhado pelo rio Bujari que em perfeita sincronia, sofre enchente simultânea a de seu companheiro, visitando as ruas Diógenes da Cunha Lima, Dr. Pedro Velho, trav. Arruda Câmara, rua 15 de Novembro, rua José Abdon, parte de Rua Getúlio Vargas e rua Frei Alberto Cabral. Em sua outra margem, ele atinge parte do Alto de Santa Luzia e o Posto Agropecuário onde hoje é o NESA. As consequências dessa segunda "visita" é a queda do muro do atual cemitério e as cabeceiras da ponte Régis Bittencourt isolando, temporariamente, Nova Cruz da capital do Estado.
2004 - Confirmando as espectativas, o Curimataú dá o ar de sua graça quarenta anos depois. Dessa vez veio sem grandes alardes; talvez por vir sozinho...talvez defasado por desvios e barragens ao longo de seu curso, ele visitou apenas sua velha conhecida e companheira de guerra, a rua Campo Santo.
E em 2044, haverá um Curimataú a "visitar" Nova Cruz outra vez? Quem viver...
Fonte e texto: Ilvaita Maria Costa


quinta-feira, 21 de maio de 2009

IARA MÃE D'ÁGUA

Era na taba dos Manaus, hoja a altiva princesa do Rio Negro.
E um dia um moço tapuio, filho de tuxaua, dirigiu-se em uma igara ao pequeno regato que banha a ponta do Tarumã.
Era um moço lindo, o mais lindo de todos os moços de sua tribo.
Valente e ousado, como ele, nenhum outro havia aparecido.
Ninguém com mais destreza manejava a zarabatana temível, cuja flecha certeira cortava em meio dos ares o vôo da aracuã.
Ninguém com mais coragem brandia o tacape e entesava o arco.
Nos jogos com que celebravam as festas, sempre a palma da vitória cabia ao moço tapuio, ante quem os próprios anciãos respeitosos se curvavam.
Era o orgulho da tribo e o digno sucessor do velho tuxaua que tantas vezes fizera morder a poeira os ferozes Mundurucus.
E um dia o moço tapuio dirigiu-se em uma igara ao pequeno regato que banha a ponta de Tarumã.
Era uma tarde lindíssima e o sol que descambava por trás da colina sombreada por espessa mata, refletia-se brilhante nas águas da linda baía formada pelo Rio Negro.
O céu estava límpido e transparente e no horizonte fomavam as nuvens uma orla de ouro e rosa.
E a igara em que ia o moço tapuio cortava ligeiramente as águas buliçosas do rio.
E triste como o canto da iumara, assim o semblante do moço tapuio.
Voltando do passeio bem tarde, havia atado a igara ao tronco da mamaurana e a noite passou-a sentado à soleira da cabana, pensativo, taciturno e proferindo de quando em vez palavras entrecortadas e sem sentido.
E a velha tapuia que amava-o com esse estremecimento das filhas das selvas, chorava silenciosa ao ver a tristeza profunda que sombreava o semblante do filho.
"Ouve, mãe, disse o moço, porque só a ti me atrevo a contar as tristezas que me pungem a alma.
"Era uma moça tão linda... tão linda como ainda não encontrei assim entre as filhas de Manaus.
"A tarde era bela, e a igara vogava ligeira em direção à ponta do Tarumã.
"De repente ouvi um cantar longínquo, como uma voz harmoniosa, que se confundia com o sussurrar da brisa por entre as folhas das palmeiras.
"E a igara cortava ligeira as águas do rio e mais distintos me chegavam aos ouvidos os sons daquela voz que cantava.
"E depois eu vi... como era bela, mãe! Como era bela a mulher que ali se achava!
"Estava sentada à margem do rio. Tinha os cabelos louros como se fossem de ouro, presos por flores de mururé, e cantava, cantava... como nunca ouvi cantar assim.
"Depois ergueu os olhos verdes para mim, sorriu-se um momento, estendeu-me os braços como se neles quisesse me entrelaçar e desapareceu cantando por entre as águas do igarapé que se abriram para recebê-la.
"Mãe, como era linda a moça que ali vi... Como eram melodiosos os sons daquela voz que cantava! "
Dos olhos da velha tapuia caíram pelas faces tostadas duas lágrimas silenciosas.
"Filho, murmurou, não voltes mais ao igarapé do Tarumã. A mulher que ali viste é a Iara, filho!... Seu sorriso é a morte... Não lhe ouças a voz para que não cedas ao encanto"
E o moço tapuio sentado à soleira da cabana, deixou pender para o chão a fronte pensativa.
E no dia seguinte ao pôr-do-sol, a igara cortava de novo ligeira as águas do Tarumã.
Nela ia o moço tapuio esquecido dos conselhos maternos.
O que lhe aconteceu depois, ninguém o sabe, porque também ninguém mais o vira.
Diziam, porém, alguns pescadores, que ao passarem pelo igarapé do Tarumã em horas mortas da noite, viam ao longe um vulto de uma mulher que cantava e ao lado dela um vulto de homem.
E quando alguém mais ousado se aproximava, abriam-se as águas do rio e nelas os dois vultos se atiravam.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Laranjeiras: o protestante


Esta história foi contada primeiro por Raimundo Nonato no seu livro "Memórias de um Retirante" e repetida pelo professor Vingt-un Rosado em livros e plaquetes. É a história de um incidente ocorrido em Mossoró quando da primeira pregação evangélica por um pastor protestante.
Mossoró nasceu ao redor de uma igreja católica, a então "Capela de Santa Luzia", tendo, ao longo dos anos, vários padres como governantes, sendo um deles, o Vigário Antônio Joaquim, que foi Deputado Provincial, responsável pelo projeto que deu a Mossoró honras de cidade, através da Lei nº 620 de 9 de novembro de 1870. Era, portanto, uma cidade tipicamente católica, que vivia sob as bênçãos de Santa Luzia.
Mas um dia chegou a Mossoró dois homens de maneiras estranhas, vindos de Sergipe, "sendo um magro e alto, de olhos vivos, movimentos rápidos e linguagem arrevesada; o outro, um negro, cheio, alegre, de rosto luzidio, todo de branco, com uma velha pasta de couro a tiracolo e um barítono debaixo do braço", conforme descrição de Raimundo Nonato. Visitaram residências, o comércio e os colégios da cidade, convidando o povo a comparecer a um culto que teria como local a praça enfrente a Loja Maçônica, onde já haviam pendurados faróis a gás nas grades do muro da Maçonaria.
No local e hora marcada chegou Laranjeiras, assim se chamava o pregador protestante, acompanhado de outros e já encontrou no local uma certa aglomeração de pessoas que ali estava atraída pela claridade dos faróis e pela curiosidade. As pessoas com cadeiras nas calçadas, encostadas nas árvores ou sentadas no chão, comentavam o que estava para acontecer.
Quando o ato começou, o murmúrio foi abafado pela música vibrante e pela sonoridade do barítono. A voz forte do pregador e as suas palavras que invocavam o nome de Deus, motivaram uma atitude silenciosa dos presentes.
Tudo ia bem até que do outro lado da rua aparecem grupos furiosos, que ao ouvirem o pregador dizer: "Eu sou aquele que trago a palavra do Nazareno", prorromperam em gritos, soltando palavrões, atirando pedras no meio do povo e amassando os faróis. E o culto acabou.
Laranjeiras, não fazendo caso do que sucedera na Maçonaria, já na noite seguinte se encontrava na Rua do Gurgel, trepado em um caixão, cantando, repetindo versículos e palavras dos evangelistas. E mais uma vez a confusão começou, com pauladas, gritos e todo tipo de agressão aos seguidores do pastor protestante. Esse, no entanto, para evitar piores conseqüências, entrou em uma bodega, que pertencia a Zacarias Praxedes, fechando a porta às suas costas.
A essa altura, a rua toda tinha-se transformado em um campo de guerra.
Mas de repente, percebeu-se a presença de um homem, que abrindo caminho no meio do povo sem dificuldade, caminhava em direção a bodega onde se escondera o pregador. Ao chegar, bateu na porta e falou. O dono veio abri-la, com outros, de rifle em punho.
Pouco tempo depois Laranjeiras saiu de braço com o seu novo companheiro, que o salvara da situação, e caminhava, entre aquela mesma gente que momentos antes queria rasgá-lo e que, sem saber por que, olhava-o até com complacência, sem ódio, sem espírito de violência.
No outro dia, numa roda de comentários, um deles disse: "- Eita!... capa verde de uma figa, se não fosse seu Rosado, nem o diabo lhe salvava o couro!..."
O farmacêutico Jerônimo Rosado Maia, o seu Rosado, como era mais conhecido, usando do seu prestígio junto ao povo, defendera o pastor sergipano que viera pregar a sua fé e enfrentava o radicalismo católico de então, de um trucidamento que parecia inevitável.
O professor Vingt-un Rosado completa esta história afirmando que nos dias e nos anos seguintes, ao ingressarem em qualquer igreja protestante, os Rosado passaram a merecer a simpatia dos crentes, que não deixavam de recordar o gesto cristão do velho Rosado.
FONTE - COLUNA DE GERALDO MAIA, NO JORNAL O MOSSOROENSE (17/10/1872), EDIÇÃO DO DIA 21 DE FEVEREIRO DE 2002) - gemaia@bol.com.br

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Botija" de Jararaca

A "Botija" de Jararaca
Em torno do tema "cangaço" há várias lendas, relatos inverídicos, ou fatos modificados ao bel-prazer do narrador. Isso dificulta muito o trabalho do pesquisador, que tem a obrigação de separar o joio do trigo, a história da estória, o fato da lenda. O caso que vamos narrar, encontra-se no livro "Cangaço – Recordação do Ataque Frustrado", de autoria de Gilbamar de Oliveira Bezerra. Mas foi o único autor, dos muitos que escreveram sobre o ataque de Lampião a Mossoró, que se encarregou do caso, e a meu ver, muito superficialmente, embora cite as fontes. Portanto, conto aqui como mais uma das lendas do cangaço, até o surgimento de outros documentos que ratifiquem o fato.
Existia em Mossoró um cidadão conhecido por Chico do Rosário, que residia com a família numa casa situada no bairro Doze Anos e comerciava carnes nas imediações do "Saco". No dia 13 de junho de 1927 o mesmo se encontrava em seu estabelecimento comercial, quando o portador do bilhete de Lampião ao prefeito Rodolfo Fernandes o encontrou, avisando-lhe, então, do propósito dos cangaceiros, que já se encontravam próximos, aconselhando que ele deveria fechar a bodega. Seu Chico agradeceu, fechou o estabelecimento e se dirigiu para o lar onde já se encontravam outras famílias à espera de transporte. Foram todos levados para vários pontos da cidade, ficando Chico do Rosário e família arranchados numa casa próximo à trincheira da igreja de São Vicente, onde permaneceram até o fim do combate.
Com a prisão e morte de Jararaca, a cidade voltou à rotina normal. Certo dia, Chico do Rosário dirigiu-se ao "Saco", a fim de trazer alguns animais que comprara. Atravessou a ponte do trem e continuou seguindo o seu caminho quando ouviu uma voz lhe chamando. Procurando o autor da voz, reconheceu o mesmo como sendo o bandido Jararaca, que ele havia visto algumas vezes na cadeia, antes do mesmo ser "justiçado" pela polícia, trajando a mesma roupa de quando havia sido preso. Mesmo sabendo que o bandido estava morto, Chico do Rosário não teve medo. Aproximou-se e ouviu o mesmo dizer: "- Eu lhe chamei para lhe dar um negócio. Tá vendo esse pau enfincado?" Perguntou o espectro de Jararaca.
"- Tou! " Disse o marchante.
"- Apois tire o pau da daí, cave um pouco, no buraco tem uma caixa com 22$000 (vinte e dois contos de réis) e um punhá cum duas alianças de ouro. São seus".
Chico do Rosário fez exatamente como lhe dissera Jararaca, inclusive repassado o valor. De posse do dinheiro, do punhal e das alianças, ele levantou-se para agradecer tão generosa oferta, no entanto não havia mais ninguém no local além dele; o espectro desaparecera inexplicavelmente.
Ainda sem nada temer, guardou os valores e prosseguiu seu destino. De então em diante sua vida mudou por completo, tornando-se menos árdua, comprou uma
grande casa e continuou no comércio de carnes, agora de forma acentuadamente diferente: possuía uma pequena riqueza.
Mas, como surgiu essa lenda? Acredito que foi pelo fato de quando Jararaca foi preso, não encontraram com ele o tesouro que achavam que o mesmo possuía, fruto dos roubos praticados em sua sangrenta caminhada no cangaço. Nada mais claro do que imaginar que o mesmo havia escondido seu "butim" em algum local, provavelmente onde o mesmo havia ficado escondido. Daí surgir a lenda da botija de Jararaca, sendo o Seu Chico do Rosário o beneficiado.
FONTE: COLUNA DE GERALDO MAIA - NOSSA HISTÓRIA, PUBLICADA NO JORNAL O MOSSOROENSE (17/10/1872), EDIÇÃO DO DIA 20 DE JUNHO DE 2002

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